Ficha Técnica
Réplica de Estatueta Chocalho Marajoara
Escala 1:2
Tamanho aproximado: 11,5×7,5×5,0 cm
Peso aproximado: 151 g
Material da reprodução: Cerâmica
Paleoarte: por mestre ceramista Josué Pereira (Equipe do Projeto Replicando o Passado – Museu Emílio Goeldi)
A réplica representa uma peça original com os seguintes dados técnicos:
Período: Formativo – entre 1.400 a 400 A.D.
Cultura: Marajoara
Tradição Polícroma
Procedência: Ilha de Marajó, Belém – PA
Material original: cerâmica
Original depositado em: Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
A imagem apresentada é referência, podendo ocorrer variações de peso e coloração devido ao trabalho artesanal desse produto.
Crédito da imagem: Marina Auricchio
A Cerâmica Marajoara
A mais estudada das tradições ceramistas amazônicas é, sem dúvida, a Tradição Polícroma, precisamente pela sua rica decoração e a complexidade dos motivos representados nas estatuetas e figuras rituais. A combinação de várias cores de pintura, onde predominam as tintas vermelhas, brancas e pretas, com apliques e molduras em relevo […]. Dependendo das áreas de ocupação, esses povos construíram aterros artificiais para situar as aldeias e como cemitério, onde eram depositadas urnas funerárias profusamente decoradas. Fabricaram também fusos para tecelagem, bancos e tangas finamente decoradas.
As cerâmicas da Tradição Polícroma encontram-se em sítios arqueológicos do médio e do baixo Amazonas, desde o baixo Madeira e os rios Solimões e Negro na altura de Manaus, até a desembocadura da grande bacia amazônica. A ela pertence a fase Marajoara dos povos instalados na ilha de Marajó na área do lago Arari, entre os séculos quinto e sétimo da era cristã.
Fonte: PRIANTE, W. P. A cerâmica dos Tapajó e o desejo de formas : estudo de peças cerâmicas arqueológicas mirando potências criativas. 2016. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes.
A Estatueta Chocalho Marajoara
A Estatueta Chocalho Marajoara exibe uma morfologia que combina as formas humanas de um corpo feminino às de um falo. Antes interpretadas como ‘símbolos de fertilidade (Roosevelt, 1988), estudos arqueológicos dos contextos de uso e descarte, tecnologias de fabricação e sinais de uso evidenciaram que estes objetos eram provavelmente usados em rituais, e descartados após serem decapitados (Barreto, 2014).
Uma série de qualidades físicas, tais quais a capacidade de emitir som, a pintura corporal, os orifícios laterais e a forma simbiótica corpo/falo, lhe confere um alto grau de agentividade ou de retenção de estatuto de pessoa (Barreto, 2014; Barreto & Oliveira, 2016). Identificamos, ainda, que a forma simbiótica é claramente resultante da intenção de transferência ao corpo humano da capacidade de transformação física de um falo, dentro dos preceitos das ontologias animistas ameríndias de instabilidade e transformabilidade das formas corporais (Descola, 2010a; Taylor & Viveiros de Castro, 2006).
Fonte: BARRETO, C. Do teso marajoara ao sambódromo: agência e resistência de objetos arqueológicos da Amazônia. In: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum. 15 (3) • 2020
Foto: Cristiana Barreto